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Arquivo diário: 17/03/2011

padilha1_D1O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu nesta quarta-feira (16) uma reforma ampla no Sistema Único de Saúde (SUS). Ao lembrar que neste ano o SUS deve atingir a maioridade, ao completar 21 anos, Padilha afirmou que a sociedade precisa participar dos debates, junto com o governo e o parlamento, na busca de soluções para os problemas da saúde.

Ele participou na Câmara de debate a convite da Frente Parlamentar da Saúde.

“Temos que ter a coragem de fazer a reforma do SUS. Não apenas em relação às fontes de financiamento da saúde, mas também em relação ao aprimoramento da relação entre a União, Estados e Municípios, tanto na gestão dos recursos humanos, quanto no montante a ser aplicado por cada ente no setor”, afirmou.

Padilha disse que a saúde precisa ter uma fonte estável de financiamento para que o setor não dependa da boa vontade do governante de plantão. Segundo o ministro, o Brasil, hoje, tem o maior programa de saúde do mundo, o Saúde da Família, que atende cerca de 100 milhões de pessoas; tem o maior programa de transplantes do mundo, além de realizar o maior número de procedimentos de hemodiálise.

Para o deputado Rogério Carvalho (PT-SE), ex-secretário municipal e estadual de Sergipe, e secretário-geral da Frente Parlamentar da Saúde da Câmara, é importante contribuir na reformulação do SUS. “A Frente vai mobilizar os deputados para o debate sofre a reforma do SUS. Além das questões já colocadas pelo ministro, defendo ainda a inclusão da criação de um mapa sanitário brasileiro que garanta a distribuição de serviços mais próximos à população, além da definição de um sistema de garantia de acesso ao sistema livre de interferências políticas ou judiciais para o acesso ao SUS”, defendeu.

Ao parabenizar a disposição do ministro para o diálogo, o deputado Assis Carvalho (PT-PI), ex-secretário de Saúde do estado, destacou ainda outros problemas que precisam ser superados. “Defendo a reorganização da rede, com a inclusão de um sistema informatizado, em todo país, que encaminhe os pacientes, desde os casos mais simples até aqueles de média e alta complexidade. Precisamos ainda quebrar as patentes de medicamentos de alto custo, livrando o país de ficar refém de laboratórios multinacionais”, defendeu.

O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que coordena a Frente Parlamentar em Defesa do SUS, defendeu mais investimentos em recursos humanos e na valorização dos servidores da saúde. “Para garantir o atendimento, principalmente nos pequenos municípios, defendo que os jovens formados em universidades públicas devolvam o investimento realizado pelo Estado na educação deles, prestando um serviço social voluntário na área da saúde”, destacou. Dr. Rosinha também solicitou ao ministro da Saúde que atue no sentido de regulamentar a carreira de auditor do SUS.

Heber Carvalh

 

Sobre o abastecimento de medicamentos antirretrovirais no Brasil, o Ministério da Saúde reafirma o compromisso de garantir tratamento aos que dele necessitam e informa que:

  1. Não houve risco ao tratamento de nenhum paciente que utiliza antirretrovirais. O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais antecipou-se à dificuldade de abastecimento do atazanavir 300mg, e publicou a Nota Técnica nº 66/11. Uma das medidas recomendadas foi a substituição temporária do atazanavir por outros medicamentos, garantindo terapia igualmente eficaz a todos os pacientes.
  2. O primeiro lote de atazanavir 300mg, com 4,95 milhões de comprimidos do medicamento, chega na tarde desta quinta-feira a Brasília, de onde será enviado aos estoques dos estados entre os dias 22 e 25 de março. Todos os estados estão cientes e mobilizados para agilizar o envio dos medicamentos às 700 Unidades Dispensadoras de Medicamentos (UDM).
  3. Em relação à didanosina 400mg e ao saquinavir 200mg, não houve desabastecimento. O que ocorreu foi uma recomendação de remanejamento local dos estoques e da programação de distribuição para que não houvesse descontinuidade no tratamento.
  4. No dia 3 de março, todos os estoques do país foram abastecidos com didanosina 400mg, em razão da chegada de um lote de 600 mil cápsulas do medicamento ao Brasil.
  5. A cobertura de saquinavir 200mg está garantida até a primeira quinzena de abril. Na próxima semana, o laboratório produtor fará entrega antecipada de parte do primeiro lote do medicamento, que será disponibilizado aos estados.

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

http://www.aids.gov.br/

Marco Aurélio Capitão
“Os Desafios Atuais do Controle Social do SUS” é o tema da Vª Plenária Rumo à IXª Conferência Municipal de Saúde, que acontece neste sábado, dia 19, das 9h às 17h, no Hotel Nacional Inn, na Rua Benedicto Campos, 35, Jardim do Trevo, Campinas. Trata-se da última plenária preparatória antes da IXª Conferência Municipal marcada para os dias 20, 21 e 22 de maio em local ainda a ser definido.
As atividades da Vª Plenária estão previstas para começar às 8h30, com a mesa de abertura e explicação dos trabalhos do dia. Às 9h seguem os trabalhos com os grupos de trabalho assessorados pelos facilitadores, já definidos. Os debatem cessam às 12h para o almoço. Às 13h30 os grupos se apresentam e às 14h30 tem início os debates com a presença de Benedito Augusto de Oliveira, o Benão, do Sindsaúde de São Paulo.
José Paulo Porsani, presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Campinas, informa que as plenárias preparatórias têm a função de dar subsídios aos conselheiros, bem como a todos os envolvidos no controle social dentro do SUS, para uma participação de qualidade na Conferência. “A participação na plenária é aberta a todos. Queremos um debate de qualidade na nossa próxima Conferência, que consiga aprofundar os temas principais da saúde em nosso município, bem como avançar as discussões em torno do controle social, que é o fórum adequado para legitimar as políticas de saúde”, ressalta o presidente do CMS.
Porsani lembra que, mesmo sem ser deliberativa, a plenária é importante para que trabalhadores, usuários e gestores coloquem suas reivindicações, façam críticas e apresentem sugestões. “É a oportunidade para que todos os atores envolvidos nas áreas da saúde e nos movimentos sociais se preparem para as Conferências Municipal, Estadual e Nacional”, reitera.
A XIVª Conferência Nacional de Saúde está prevista acontecer em Brasília entre 30 de novembro e 4 de dezembro de 2011. O Conselho Nacional de Saúde (CNS), reunido em janeiro deste ano, definiu que essa Conferência Nacional terá como eixo principal “Acesso e acolhimento com qualidade: um desafio do SUS”.

Histórico

Na Iª Plenária preparatória, realizada em maio de 2010, o Conselho Municipal de Saúde selecionou uma apresentação geral da rede de serviços do SUS-Campinas e um debate sobre seus principais problemas. Na IIª, em agosto de 2010, foram discutidos os Desafios Atuais da Gestão do SUS, ocasião em foi analisada, principalmente, as questões que estão envolvidas no Modelo de Gestão, no Controle Social e no Financiamento do SUS.
Na IIIª, em outubro de 2010, a pauta ficou centrada nos Desafios da Construção da Rede Assistencial do SUS-Campinas. Os participantes puderam apreender toda a complexidade da rede e a necessidade de que seu funcionamento seja bem articulado e de que as relações estabelecidas entre os serviços sejam solidárias e complementares para que se produza o cuidado integral.
Na IV Plenária, em novembro de 2010, o assunto gravitou em torno da natureza do trabalho em saúde, da gestão do trabalho e das questões que afligem o trabalhador.

VIIIª Conferência

A VIII e última Conferência Municipal de Saúde de Campinas aconteceu nos dias 17 e 18 de agosto de 2007. Naquela ocasião, no dia 17, os trabalhos ocorreram das 18h às 21h no Salão Vermelho da Prefeitura e, no dia 18, das 8h às 19h30, no Plenário da Câmara Municipal. Essa conferência contou com a participação de 295 delegados, divididos em 131 usuários, 78 trabalhadores e 86 gestores/prestadores, além de 64 convidados, num total de 359 participantes.
A VIII Conferência Municipal de Saúde de Campinas trabalhou dentro de propostas divididas em três eixos determinados pelo Conselho Municipal de Saúde: Desafios para a Efetivação do Direito Humano à Saúde no Século XXI: Estado, Sociedade e Padrões de Desenvolvimento; Políticas Públicas para a Saúde e Qualidade de Vida: o SUS na Seguridade Social e o Pacto pela Saúde; e A participação da sociedade na efetivação do direito humano à saúde.

Do Estadão

Pacientes com HIV voltam a sofrer com desabastecimento de remédios

Três medicamentos para combater a infecção pelo vírus da aids estão em falta em partes do País, prejudicando quase 40 mil pessoas e atraindo críticas de médicos e ONGs; Ministério da Saúde reconhece o problema, mas nega que situação tenha virado rotina

17 de março de 2011 | 0h 00

Lígia Formenti / BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo

Pacientes com HIV estão novamente às voltas com desabastecimento de remédios para conter a infecção. O atazanavir, droga da Bristol usada por 33 mil pessoas, está em falta em pontos localizados do País. Também foram registradas queixas de falhas na entrega do saquinavir, adotado na terapia de 800 pacientes, e da didadosina, droga usada por 3,7 mil pessoas.

Muitos profissionais não esconderam a irritação com a nota, sobretudo pelo fato de não haver no documento uma justificativa para a falta do remédio. “O atazanavir é um medicamento importante. A substituição muitas vezes significa mais reações adversas e, sobretudo, um aumento de risco de abandono do tratamento pelo paciente”, disse o presidente da Regional do Distrito Federal da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Cunha.

Entre organizações não governamentais de pacientes, a reação também foi bastante negativa. “Esse problema está se tornando rotina. Em 2010, também no início do ano, registramos desabastecimento de medicamentos. Agora, a situação se repete. Isso traz um desgaste muito grande para quem está sob tratamento. A última coisa que o paciente precisa é de um ambiente de incerteza”, disse o presidente do Fórum de ONGs de Aids de São Paulo, Rodrigo Pinheiro.

O presidente do Grupo Pela Vidda de São Paulo, Mario Scheffer, completa: “Isso revela má gestão. É inadmissível que, após tantos anos, o programa ainda apresente problemas de planejamento. Além disso, há uma total falta de transparência.”

Sucessão de problemas. O diretor do departamento de DST-Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco, atribuiu o desabastecimento do atazanavir a uma sucessão de problemas. “Não há uma justificativa única. Foi uma junção de atrasos, problemas que foram se somando”, disse. O diretor negou que o desabastecimento esteja se transformando em rotina. “Falar isso de um programa que distribui 20 remédios para pacientes de todo o País é quase uma provocação.”

No início do mês, um comunicado do departamento também alertou  programas estaduais para possibilidade de falta de saquinavir e diadosina. Ate ontem, diante dos estoques em baixa do atazanavir, o Departamento de DST-Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde divulgou nota técnica com orientações para médicos: substituição por outras drogas ou fracionamento da entrega, até a normalização da situação. recomendação era também de que serviços “otimizassem” o estoque disponível, fizesse remanejamento com outros pontos de atendimento para assegurar o tratamento. O comunicado também dizia que, caso necessário, profissionais deveriam reduzir o remédio entregue para pacientes. O ideal seria fornecer o suficiente para 15 dias de tratamento.

De acordo com Greco, os problemas com saquinavir e diadosina já foram solucionados. Com relação ao atazanavir, o diretor afirmou que a situação deverá ser normalizada na próxima semana. “O produto já embarcou. A expectativa é de que ele chegue no Brasil amanhã (hoje) e que comece a chegar nos Estados a partir da próxima semana.” Greco admite que falhas ocorreram. “Mas isso ocorre em todas as áreas, em todos os serviços. Estamos tendo a humildade de reconhecer o problema.”

PARA LEMBRAR

Quatro drogas faltaram no ano passado

No ano passado, pacientes com aids enfrentaram a falta de quatro medicamentos: abacavir, lamivudina, nevirapina e a associação entre lamivudina e zidovudina.
Na época, estimou-se que 176,1 mil pacientes tenham sido afetados pelo desabastecimento. A nevirapina e o abacavir são usados por 4,1 mil pessoas, entre elas 400 crianças. Calcula-se que 92% das pessoas em tratamento usam uma das drogas que faltaram em 2010. O programa nacional de combate à aids é considerado um dos melhores do mundo por organismos internacionais.

SP: Entidades preparam ato público contra a lei que desvia leitos do SUS para planos privados. Manifestação está sendo organizada para o dia 7 de abril, às 10h30, em frente à Secretaria Estadual de Saúde, na Av. Dr. Enéas de Aguiar.

Por CF, com informações do Fórum das ONG Aids do Estado de SP
Quinta-feira, 17 de março de 2011

O Fórum das ONG Aids do Estado de São Paulo, que reúne entidades de trabalhadores, gestores e usuários do SUS, organiza mobilização no próximo 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, contra a Lei Complementar nº.1.131/2010, que permite direcionar 25% dos leitos e outros serviços hospitalares do SUS para os planos e seguros de saúde privados. A lei abrange os hospitais do Estado de São Paulo que atualmente têm contrato de gestão com Organizações Sociais (OSs).

De acordo com os organizadores do Fórum, os 26 hospitais administrados por OSs em São Paulo realizam por ano cerca de 250 mil internações e 7,8 milhões de outros procedimentos (atendimentos de urgência, hospital dia, cirurgias ambulatoriais, hemodiálise, exames). De acordo com a convocatória, a lei estadual 1131 permitirá “a venda de até 25% desta capacidade para os planos de saúde”. Na prática irá retirar do SUS mais de 2 milhões de procedimentos, incluindo 62 mil internações, destinados exclusivamente aos usuários do SUS.

Ainda segundo a nota, chamando a população para se somar no protesto do dia 7/4, a lei complementar nº.1.131/2010 desconsidera a existência da legislação (Lei n º 9656/98) que prevê o ressarcimento ao SUS, toda vez que um usuário de plano de saúde é atendido em hospital público. Além disso, ao visar a arrecadação de recursos com a venda de serviços do SUS, a lei cria a chamada “fila dupla” de atendimento, pois os usuários dos planos de saúde terão assistência diferenciada e preferência na marcação e no agendamento de consultas, exames e internação, como já acontece em alguns hospitais universitários.

Em 15 de fevereiro, o Fórum de ONGs Aids e demais entidades deram entrada no Ministério Público Estadual (MPE) com representação para questionamento judicial da lei estadual, em vigor desde o dia 27 de dezembro de 2010, pois a mesma fere os princípios da Constituição Federal, da Lei Orgânica da Saúde (lei nº 8.080/1990) e da Constituição do Estado de São Paulo.

Ato público em defesa do SUS e contra a Lei 1131
7/4 – quinta-feira
10h30
Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 188 – em frente à sede da Secretaria de Estado da Saúde
Informações: (11) 3334-0704 – forumongsp@forumaidssp.org.b

Por Bruno de Pierro
Da Agência Dinheiro Vivo

Entre as estratégias que a nova gestão do Ministério da Saúde considera como prioritárias, está a consolidação da regionalização do Sistema Único de Saúde, por meio da definição de territórios, que reorganizarão as redes de atenção básica e de média e alta complexidade.

Em entrevista publicada na última terça-feira neste blog, o ministro Alexandre Padilha explicou as diretrizes que tem direcionado esta política, norteada pelo Pacto de Gestão do SUS, criado há seis anos. Nessa nova fase, União, Estados e municípios assumirão compromissos globais, tendo em vista, principalmente, fixar o importante papel dos governos estaduais na coordenação da gestão das regiões. Para isso, cada região terá seu mapa sanitário, ferramenta que facilitará os gestores a identificar quais as demandas, as necessidades principais e a lógica das redes interestaduais.

A distância entre conceito e realização, porém, não é tão grande e abre espaço para algumas experiências no país. As iniciativas, que ainda não chegam a constituir grandes territórios, já conseguem driblar, por exemplo, o problema da sobreposição – isto é, quando dois municípios próximos realizam procedimentos iguais de média ou alta complexidade. Um exemplo é o Estado de Santa Catarina, que, por meio de uma liminar, oferece aos pacientes do SUS tratamento intermunicipal e alguns fora do Estado.

No entanto, especialistas ouvidos pelo Brasilianas.org apontam o caso da Bahia e de Pernambuco como modelar. Lançada em 2009, a Rede Interestadual de Atenção à Saúde do Vale do Médio São Francisco atende cerca de 1,8 milhão de habitantes de 55 municípios dos dois Estados, numa parceria pioneira gerada a partir de um pacto firmado entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde Estaduais e as prefeituras dos municípios da região. Os municípios de Petrolina, em Pernambuco, e de Juazeiro, na Bahia, são responsáveis pelos 3 hospitais principais, voltados para procedimentos de alta complexidade.

O Brasilianas.org procurou o secretário de Saúde da Bahia, Jorge Solla, para saber quais foram as ações modernizantes da atual gestão que abriram caminho para a consolidação dessa parceria. Apesar de considerar uma gestão eficiente, Solla identifica problemas que ainda merecem atenção, como a questão da judicialização e as falhas da legislação referente ao ressarcimento. As fundações públicas de direito privado, porém, são tidas como fatores de sucesso, na visão do secretário. Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista. Temas específicos sobre a rede interestadual serão abordados na segunda reportagem, que será publicada amanhã.

Brasilianas.org – Como está organizada a gestão da Saúde na Bahia e a rede pública?

Jorge Solla – Temos uma rede própria de serviços hospitalares da Secretaria de Saúde do Estado, que é uma das maiores redes estaduais do país. E essa rede tem unidade sobre gestão direta do Estado; tem unidades sobre gestão indireta, das quais nós temos algumas sob o modelo de Organização Social (OS) e temos uma no formato de parceria público-privada (PPP) – o primeiro projeto PPP em saúde no Brasil e o único em funcionamento até agora [foi inaugurado há seis meses].

Como funciona esse modelo de PPP?

Esse modelo funciona mediante um consórcio, que ganhou um processo de licitação, que ocorreu no Bovespa – foi a primeira licitação do governo da Bahia na Bovespa -, em que o consórcio vencedor ficou responsável de equipar o hospital, com todos os equipamentos, e que foi construído pelo governo do Estado. E fazer toda a gestão, incluindo todos os recursos humanos e insumos para o funcionamento do hospital, com contrato de dez anos, prorrogado para mais dez anos – e tem uma série de exigência e metas quantitativas e qualitativas que devem ser atendidas.

Temos fundações estatais na Bahia (públicas, de direito privado). Temos duas: a primeira, que foi feita e até hoje é a única fundação que é interfederativa – que hoje atende mais de 100 municípios -, voltada para a atenção básica. É a Fundação Estatal da Saúde da Família, que é feita entre municípios e atua só na Bahia, e temos a Fundação Bahia Farma, voltada para a pesquisa e assistência farmacêutica, que foi criada pelo governo do Estado e, por meio dela, nós estamos reativando a profissão pública na área de medicamentos. Aqui antes tínhamos uma empresa pública, a Bahia Farma, que foi fechada no final dos anos 1990, e estamos retomando agora como uma fundação pública de direito privado.

Foi necessário um aparato legislativo para a criação dessas fundações, inclusive para a regulação delas?

Nós já tínhamos, na gestão anterior, a legislação estadual de OS; então nós utilizamos essa legislação, e aperfeiçoamos os mecanismos de acompanhamento. Nós criamos uma lei voltada para a Fundação Pública de Direito Privado, que foi aprovada nessa gestão, que permitiu criar a Fundação Estatal da Saúde da Família e a Fundação Bahia Farma. Essa lei foi aprovada no final de 2007. E a lei de PPP, o Estado desenvolveu todo um aparato para dar conta da sua aplicação na área de saúde.

A administração direta do Estado também sofreu mudanças?

As unidades sob administração direta também sofreram ações modernizantes. Por exemplo, fizemos o primeiro concurso público para médico em 15 anos – nós já contratamos por concurso público algo próximo a mais de quatro mil trabalhadores. Fazia dez anos que tinha o monopólio de uma única empresa que contratava médicos para redes de hospitais estaduais. E já tinha, desde 2005, a decisão do Superior Tribunal obrigando o Estado da Bahia a suspender o contrato dessa empresa que monopolizava, e o Estado da Bahia não cumpria.

Nós incorporamos registro de preços em nossas unidades; todas as nossas unidades sob gestão direta são unidades gestoras. Foram feitos diversos investimentos em modernização tecnológica; modernização do parque tecnológico. Ao todo, já contratamos mais de 11 mil postos de trabalho.

E com relação à qualificação do profissional?

Foi feito investimento em qualificação do quadro de recursos humanos, inclusive nós montamos uma Universidade Aberta do SUS, empregando o formato de gestão PROESF. É um projeto que foi robustecido, e nós temos um contrato com OS e tem um cronograma de atividades por dois anos com um conjunto de metas, especialização, mestrado profissional, qualificação, educação permanente, educação à distância.

Foi feita uma licitação, e quem ganhou foi a Fundação de Apoio à Pesquisa à Universidade Federal da Bahia; e nós estamos com uma série de atividades de qualificação e especialização, também empregando esse formato de gestão de OS.

O modelo de OS tem muitas críticas por parte de gestores e também profissionais da saúde, que alertam para a questão da privatização da saúde.

Todos os modelos tem suas limitações. No caso das OS, por exemplo, uma limitação é disponibilizar instituições que possuem esse perfil e possam fazer parcerias com o SUS. Não adianta inventar OS, como já vi em alguns locais, onde se pega uma empresa privada que não tem nenhuma experiência no ramo, ou mesmo filantrópica, que nunca teve a gestão de um hospital, e a qualifica formalmente como OS.

A gestão passada aqui na Bahia fez isso em dois hospitais. Por outro lado, nós temos uma parceria muito boa aqui com a Obras Sociais Irmã Dulce, uma instituição que há 50 anos tem o maior hospital filantrópico do nordeste e que é cem por cento SUS. Ela nunca cobrou de nenhum paciente. E da mesma forma nós temos mais três projetos com resultados muito positivos.  Uma coisa importante é diferenciar nossa legislação de OS de outras legislações, como a de São Paulo.

Qual a diferença?

A de São Paulo o gestor escolhe a OS; ele mais do que indica, ele decide. Aqui não. Aqui há um processo de seleção pública, como se fosse um processo licitatório, e os interessados se candidatam.

E os critérios são os mesmo de uma licitação?

É quem tem o melhor preço, sendo que a técnica está diretamente relacionada com o know how da instituição, experiências anteriores. E esse processo é avaliado por uma comissão técnica.

O que o senhor pensa sobre a medida de reservar 25% dos leitos do SUS para usuários que tenham plano de saúde, como ocorre em São Paulo? É a melhor forma de fazer o ressarcimento ao SUS?

Tem hospitais públicos que são certificados como hospitais de ensino, em São Paulo, que assinaram contrato com o SUS, desde 2004, se comprometendo em deixar de atender, em quatro anos, planos privados e deixando cem por cento dos leitos para o SUS. Em 2007, saiu uma portaria interministerial (Educação e Saúde), dizendo que os hospitais públicos federais, que ainda tivessem leitos conveniados com planos privados tinham dois anos para se tornar cem por cento SUS. Já se passaram quatro anos, e ainda tem situações como essa em São Paulo.

Mas são duas coisas diferentes: uma coisa é ressarcimento, que defendo totalmente. Mas acho que a nossa legislação de ressarcimento, e os mecanismos utilizados, são ineficazes. Para você conseguir fazer o ressarcimento, são meses e meses de processo administrativo, e depois ainda correr o risco de enfrentar processos judiciários. A outra coisa é a dupla porta. O que existe em alguns hospitais públicos em São Paulo não é o ressarcimento ao SUS, é a dupla porta.

Aqui, já tivemos a dupla porta, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, mas não tem mais, desde 2004. E quando falo de dupla porta, é literalmente; você tinha um acesso para pacientes do SUS, e outro para pacientes conveniados, que tinham facilidade no atendimento. A lei de São Paulo busca legalizar a dupla porta. O correto não é estipular número de vagas, mas sim abrir uma porta única e depois ressarcir daqueles que tem plano de saúde, simplesmente.

Precisamos melhorar a legislação, inclusive para cobrir situações como a que ocorreu aqui no dia 10 de março, semana passada. Estávamos com uma criança num hospital privado; o plano de saúde dela está cobrindo a internação neste hospital privado, mas essa criança precisa de um medicamento caríssimo, que vai custar, só agora, R$ 260 mil, e quem vai ter que bancar isso é o poder público estadual.

Aí se esbarra no problema da judicialização.

Exatamente. Eu estou sendo instado por uma liminar judicial a importar um medicamento que nem existe aqui no mercado (trata-se de uma doença rara), e R$ 260 mil será a primeira fatura que terei que pagar. E o plano é que deveria pagar, pois ele está internado num hospital privado, mas isso não acontece, pois nossa legislação de ressarcimento é insuficiente. Ela é inadequada, e não dá conta da totalidade. Aí as pessoas dizem, “mas o SUS não é para atender a todos?”. Sim, mas não é o direito à saúde que está sendo negado, mas é o direito de consumidor que está sendo negado, pois o paciente paga por um plano privado. Já tive casos de ações aqui, do juiz dar a liminar obrigando o Estado a retratar um paciente com um medicamento, por meio da compra de outra empresa. São dois erros de uma vez só.

O anuncio feito pelo Secretário-geral da Presidencia da República, Ministro Gilberto Carvalho, foi feito na mesma data em que o DOU publicou a Resolução do CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que adiou a Conferencia Nacional de 2011 para 2012 e aumentou sua periodicidade de dois para cada três anos.

Já estão convocadas e em pleno processo de organização, entre outras, as Conferencias Nacionais de Assistencia Social e tambem a de Saúde. A propósito, ontem e hoje, está sendo realizada a 219ª reunião Ordinária do CNS – Conselho Nacional de Saúde (para assistira ao vivo clique aqui >>>http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=399)  e da pauta consta deliberação sobre a Conferencia Nacional.

Estamos nos organizando, enquanto sociedade civil, para a participação nestes processos e para fortalecer estes mecanismos da Democracia Participativa. Várias críticas tem sido formuladas quanto ao conteúdo, forma e efetividade das Conferencias Nacionais. Não são poucos os militantes debruçados sobre a tarefa de repensar os processos de construção das Conferencias. São recorrentes as críticas quanto ao caráter hoje festivo e meramente o homologatório que tem transformado as ultimas Conferencias Nacionais em reuniões populistas totalmente blindadas. Como nos estados os quadros tendem a ser ainda piores… É estimulante ouvir que tambem o Governo Federal vai se debruçar sobre este desafio, renovar e ampliar  as conferencias setoriais) de forma prioritária. A possível polarização tende a valorizar o debate.

De outro lado, é fundamental que tambem participemos da formulação de propostas para a Reforma Polítca. Pelo que nos tem chegado de informações as posições estão polarizadas entre os defensores do distritões,  da fulanização da política de um lado, e voto em list, aumento da fidelidade partidária com financiamento público de campanha exclusivo, de outro lado. Quando se ouve falar em Democracia Direta, Democracia Participativa, as falas recorrente focam em participações episódicas, como os plebiscitos e referenduns. Quase nada ouvimos sobre fortalecer a participação permanente e direta do cidadão nos Conselhos de Políticas Publicas.

Assim , parecem ser muitos os desafios à enfrentarmos. Vamos juntos?

Veja o texto da brasília conficencia publicado no site do Deputado Paulo Teixeira PT – SP, líder do PT na Câmara dos Deputados.

As conferências promovidas pelo governo junto à sociedade para o debate de políticas setoriais serão “ampliadas e renovadas”, anunciou ontem (15/3) o secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, após a solenidade em que foi instalado o Fórum Direitos e Cidadania. A primeira conferência setorial do Governo Dilma tratará de políticas para as mulheres e será realizada em dezembro, segundo o decreto de convocação assinada ontem pela presidente.

“Nestes quatro anos, realizaremos de novo todas as conferências setoriais. Vamos trabalhar para que elas sejam cada vez mais participativas, democráticas”, afirmou o ministro.

Durante os dois mandatos do presidente Lula foram realizadas 73 conferências. E produziram resultados importantes, na avaliação de Gilberto Carvalho.

“É próprio da sociedade reivindicar o máximo e se trata de o governo tentar atender, nas suas possibilidades, as reivindicações. No governo passado, foram inúmeras as contribuições que surgiram e se tornaram políticas públicas”.

O Fórum Direitos e Cidadania, instituído ontem, terá representantes de 13 ministérios e a tarefa de discutir e organizar as políticas dessa área. O governo considera prioritários assuntos como a universalização do registro civil, a valorização do idoso e o apoio à juventude, com foco no combate às drogas.

Dilma já criou os fóruns de Desenvolvimento Econômico e de Infraestrutura.

Os secretários executivos dos ministérios integrantes de cada fórum se reunirão mensalmente. E a presidente discutirá as ações, a cada seis meses, com o ministro de cada pasta envolvida.

(Do Brasília Confidencial)